terça-feira, 27 de julho de 2010

CARTA DE VITÓRIA

CARTA DE VITÓRIA

A Associação Brasileira de Documentaristas e Curtas Metragistas, ABD Nacional, reunida com as suas 27 representantes estaduais na cidade de Vitória, Espírito Santo, entre os dias 13 e 17 de julho de 2010, durante a VI Mostra Independente, que marcou os 10 anos da ABD Capixaba, vem trazer a público os temas centrais que nortearam a discussões e algumas de suas propostas.

Vale destacar que ABD Nacional é uma entidade que atua há 36 anos no país, em prol do audiovisual brasileiro, com foco nas políticas de produção e difusão do curta metragem e do documentário nacionais.

Considerando esse trabalho contínuo da ABD Nacional em coesão com as 27 ABDs estaduais, com o objetivo de fortalecer a produção e a difusão do audiovisual nacional no mercado interno, vimos propor um plano de metas em torno de 8 pontos:

1) A AMPLIAÇÃO DO CIRCUITO EXIBIDOR para o conteúdo brasileiro independente, através da implantação de salas de cinema e cineclubes EM TODAS AS CIDADES DO BRASIL - de modo a reverter a carência de salas de exibição e a falta de acesso do público brasileiro à produção audiovisual nacional.

2) A GARANTIA DA DISTRIBUIÇÃO DA PRODUÇÃO AUDIOVISUAL INDEPENDENTE BRASILEIRA em todas as janelas e em todo o território nacional, através de iniciativas públicas e privadas capazes de formar, envolver e desenvolver os diversos agentes da cadeia produtiva do setor.

3) A DEFESA DOS DIREITOS DO AUTOR E DO PÚBLICO ATRAVÉS DA CRIAÇÃO DE SOCIEDADES DE GESTÃO COLETIVA DE DIREITOS, que têm como premissa a unidade de interesses entre o fortalecimento do autor e o acesso da população brasileira à produção audiovisual nacional, garantindo também a participação da sociedade civil na sua regulamentação e do Ministério Público na fiscalização;

4) “A INCLUSÃO, NAS PLANILHAS ORÇAMENTÁRIAS DOS FESTIVAIS E MOSTRAS QUE COMPÕEM O CIRCUITO NACIONAL DE EXIBIÇÃO, de valores monetários referentes à premiação de todos os vencedores de todas as categorias em competição, bem como o reembolso dos custos postais e de cópias de todos os realizadores cujos trabalhos venham a ser selecionados para os respectivos eventos e a normatização – em uma análise posterior acordada com as entidades representativas dos Festivais e Mostras – das condições técnicas mínimas para a boa exibição das obras selecionadas, a fim de que sejam respeitados os direitos dos autores e os direitos do público brasileiro.”

5) O INCENTIVO ÀS POLÍTICAS PÚBLICAS E INICIATIVAS PRIVADAS QUE VISEM A UTILIZAÇÃO DO AUDIOVISUAL BRASILEIRO COMO FERRAMENTA DE ENSINO nas diversas instâncias educacionais do país, evocando a linha aprovada na Conferência de Cultura e assim - em parceria com o Ministério da Educação - sua inclusão na LDB, possibilitando assim mais que somente exibição, mas a qualificação dos profissionais de educação no emprego do audiovisual em sala de aula;

6) O AUMENTO GRADATIVO E PROGRESSIVO DA COTA DE TELA para o audiovisual brasileiro, com a meta clara de alcançar 50% de filmes nacionais nos cinemas comerciais, dentro dos próximos 5 anos, e a inclusão do filme de curta metragem de ficção ou documental, na contabilização da Cota de Tela

7) A VALORIZAÇÃO DAS ENTIDADES REPRESENTATIVAS DO AUDIOVISUAL BRASILEIRO como portadoras de demandas legítimas para formulação de políticas públicas de fomento a formação, produção, difusão e memória do audiovisual nacional;

8) O RECONHECIMENTO DO AUDIOVISUAL BRASILEIRO COMO UM SETOR ESTRATÉGICO de fortalecimento da cultura nacional e da diversidade cultural do planeta, a partir da exclusão dos países não signatários da Declaração Universal da UNESCO sobre a Diversidade Cultural, 2001, nos convênios e ações dos órgãos públicos de cultura do Brasil;

Assim, a ABD Nacional, juntamente com as ABDs dos 27 estados, declara a importância deste encontro na cidade de Vitória, que permitiu a reflexão a cerca dos múltiplos temas, que por hora são centrais na atuação política em prol do audiovisual nacional, e vem conclamar os diversos segmentos organizados da sociedade a ingressar nessa luta, que é de todos: o fortalecimento da cultura brasileira.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

ABD-PE/APECI participa da "distribuição criativa" do filme No Meio do Mundo



Parceiros da ABD/APECI e os últimos 10 realizadores que se inscreveram na entidade receberam vales ingressos para o filme que fica em cartaz no Cinema da Fundação até o dia 29 de julho!
No Meio do Mundo

O Brasil de todos nós

O documentário franco-brasileiro No meio do mundo (Puisque nous sommes nés), de Jean-Pierre Duret e Andrea Santana, estreia no dia 16 de julho, no Recife, no Cinema da Fundação (Rua Henrique Dias, 609, Derby – 1º andar). A pré-estreia acontece no dia 13 de julho, às 20h20, e será aberta ao público. O longa-metragem nos conduz pela vida de dois meninos do interior de Pernambuco. Seus questionamentos, suas expectativas, suas famílias, suas frustrações e motivações são mostrados sem retoques.

A realidade sem filtros nos toca de maneira ainda mais contundente quando entrecortada pelos discursos políticos em vésperas de eleição. Os diretores optaram por deixar sua câmera quase invisível e, com isso, conseguiram captar diálogos expressivos e reveladores. Retratos perfeitos de um povo que não perde a esperança, mas que não sabe bem o que esperar do futuro. O site do filme é http://www.puisquenoussommesnes.com/

No Cinema da Fundação, os ingressos custam R$ 8 (inteira) e R$ 4 (meia-entrada).

O filme, distribuído pela Pipa Produções (http://www.pipaproducoes.com.br/), é beneficiado pelo projeto distribuição criativa, que busca fomentar o aumento e a formação de público de filmes independentes. Os vales-cinema são distribuídos gratuitamente para grupos de universidades, projetos sociais, ONGs, cineclubes, entre outros. Os vales também são destinados ao público em geral em dois pontos de distribuição no Recife:

• Castigliani Café Especiais - Rua Henrique Dias, 609, Derby, Recife - 1º andar, Fundação Joaquim Nabuco. Horário de funcionamento: das 15h às 22h. Telefone: 81 3073-6683
• Espaço Muda - Rua Capitão Lima, 280, Santo Amaro – Recife. Horário de funcionamento: a partir das 14h. Telefone: 81 3032-1347

SINOPSE
Brasil. Nordeste. Estado de Pernambuco. Um imenso posto de gasolina no meio de uma terra seca, cortada por uma estrada sem fim. Cocada têm 14 anos e um sonho, vir a ser caminhoneiro. À noite, ele dorme na cabine de um velho caminhão e durante o dia faz bicos e ajuda no posto. O pai dele foi assassinado, então ele encontrou um pai adotivo, Mineiro, um caminhoneiro que se preocupa em conversar com ele e em apoiá-lo quando a tentação do dinheiro fácil torna-se mais forte que tudo. Enquanto isso, Nego de 13 anos vive numa favela cercado de uma família de numerosos filhos. Ele cuida das cabras, mas além de trabalhar, sua mãe quer que ele vá à escola para ter uma boa educação. Mas Nego quer partir, ganhar dinheiro. À noite, ele ronda o posto de gasolina, fascinado pelas vitrines iluminadas, pelos comerciantes que vendem de tudo e pela comida abundante. Com seu amigo Cocada, ele olha o movimento intenso dos caminhões e dos viajantes de passagem. Tudo fala a eles deste grande país do qual eles não sabem nada. Com esta maturidade singular que se adquire muito cedo na adversidade, eles se interrogam sobre suas identidades e sobre o futuro. A única perspectiva: uma estrada na direção de São Paulo ou em alguma outra direção.

SERVIÇO
No Meio do Mundo, de Jean-Pierre Duret & Andrea Santana
Pré-estreia: 06 de julho, 20h20
Em cartaz a partir de 09 de julho
Cinema da Fundação - Rua Henrique Dias, 609, Derby. Fones: (81) 3073.6688 | 3073.6689
Site do filme - www.puisquenoussommesnes.com
Trailer no Youtube - http://www.youtube.com/user/2001Pipa

O Filme, por seus diretores:

UMA HISTÓRIA COLETIVA
Em torno dos dois meninos, existem os adultos que eles escolheram.
- Os caminhoneiros são os “aristocratas do povo” e Mineiro é admirado como tal. Quando criança ele conheceu a fome. Ele sobreviveu, mas não esqueceu suas origens e tenta ajudar os meninos à deriva. Cocada é como seu filho adotivo.
Mineiro: “Você não deve deixar o medo impedir seu sonho. Você tem que ser o que você é.”
Cocada: “Se às vezes eu fico chato e triste, é porque eu penso na minha vida”.
- Inácia é a mãe de Nego. Ela teve dez filhos e nove maridos. Maridos violentos, a maioria alcoólatras, ou que desapareceram. “Ser pai não é só botar no mundo não”, disse ela um dia a seus filhos, “vocês cresceram sem o amor deles”. Nesta casa existe a força da mãe, inflexível, para armar seus filhos contra a vida brutal que eles têm pela frente.
- Zé sempre quis ser agricultor e criar animais, sua paixão, mas, ele nunca conseguiu possuir um pedaço de terra pra alimentar sua família. Então ele fabrica tijolos manualmente. Para Zé é melhor se endividar para comprar uma vaca, mesmo magrela, em troca de milhares de tijolos, do que esperar algum sinal do céu. Ele apóia o sonho de Cocada de ser caminhoneiro.

A ORIGEM
Um dia, neste grande posto de gasolina onde tudo está exposto à vista dos que não possuem nada, nós conversamos com um adolescente esfarrapado e faminto.
Ele nos disse : “ Não tenho nada, só tenho minha vida ”.
Essas palavras passaram a soar forte dentro de nós. Qual é a história, quais são os projetos dos que não têm nada além da vida ? Onde está a força, o que é que lhes permite resistir ? Decidimos então acompanhar esses meninos, seus esforços, seus desânimos, medos, e desejos. E ficamos 6 meses neste posto de gasolina e seus entornos, um território concentrado de 5 km2.

A ABORDAGEM
Este filme não é um retrato miserabilista ou angelical da pobreza e da violência no Brasil. Ele nos conta uma história universal, a história de dois meninos que tentam encontrar seu lugar no mundo dos adultos. Eles sabem que lá onde eles nasceram não existe futuro possível.Esta procura de identidade tem como cenário o Nordeste do Brasil, mas ele poderia se situar em qualquer lugar, em qualquer outro pais.

O que é mais surpreendente e tocante no Nego e no Cocada é a energia que eles empregam para escapar do destino anunciado. Eles querem saber quem eles são e fazer alguma coisa da vida deles. A linguagem deles contém o que os aproxima. No filme, esta linguagem é confrontada com o discurso dos políticos, com o discurso de Lula, natural do Pernambuco, em campanha eleitoral para reeleição de presidente.

Na situação de segregação econômica que o Brasil vivencia, eles se tornaram os invisíveis aos quais se nega o valor de suas próprias histórias.

O FILME
Nós dois estamos lá à espreita, nunca fazemos entrevistas. Nossa câmera gostaria de nunca provar nada, nunca parar de ressentir vasculhando os rostos, penetrando nos olhos, como num western de Sergio Leone.
A prova da confiança está nesta intimidade em que eles se abandonam, às vezes.
Os lugares são habitados e compartilhados por homens e animais, no seio de um mesmo universo onde cada um existe como pode.
A trilha sonora também tem um importante papel a desempenhar : gritos de ira, apelos modulados de pastores, ruídos de galopes de cavalo, som da água, buzinas dos caminhões, a respiração barulhenta e irregular de uma vaca doente, são muitas as sensações para que caibam todas no limitado enquadramento da câmera.


DIRETORES

JEAN PIERRE DURET
Natural da região de Savoie na França, de uma familha de pequenos agricultores.
Depois de uma longa experiência em teatro com Armand Gatti, torna-se perchman, e em seguida engenheiro de som.
Engenheiro de Som:
Maurice Pialat, Luc et Jean-Pierre Dardenne, Jean-Marie Straub et Danièle Huillet, Jacques Doillon, Agnès Varda, Nicole Garcia, Agnès Jaoui, Claude Mouriéras, Christophe Ruggia, Jacques Audiard, Arnaud Despallieres, François Ozon, Cédric Kahn, Andrzej Wajda, Claude Chabrol, Andrzej Zulawski, Yolande Zaubermann.

Diretor:
1986 : « Un beau jardin, par exemple » (Documentaire - 52’)
1990 : « Les jours de la lune » (Fiction - 52’).
2001 : « Romances de Terre et d’Eau » (Documentaire - 78’)
2004 : « Le Rêve de São Paulo » (Documentaire - 100’)

ANDREA SANTANA
Nasceu no Nordeste do Brasil em 1964. Arquiteta e urbanista de formação.
Em 2000 começa a realizar filmes documentários com Jean-Pierre Duret.

Diretora:
2001 - « Romances de Terre et d’Eau » (Documentaire - 78’)
2004 - « Le Rêve de São Paulo » (Documentaire - 100’)

FICHA TÉCNICA
Um filme de Jean-Pierre Duret & Andrea Santana
Produção Executiva - Muriel Meynard
Fotografia e Som - Jean-Pierre Duret & Andréa Santana
Montagem - Catherine Rascon
Montagem Som e Mixagem - Roman Dymny
Correção de Luz - Christine Szymkowiak
Musica Original - Martin Wheeler
Piano - Edda Erlendsdóttir
Som/Sound - Daniel Deshays

Uma Produção
EX NIHILO - Muriel Meynard
KISSFILMS - Jamel Debbouze
Em co-produção com
MIKROS IMAGE- Maurice Prost

90 minutos - 35mm – 1.85 - Cor - Dolby SRD/SR
Lingua original: Portuguese
Legendas: French/English/Italian
© França/Brasil, 2008 - Visa n° 116 991

Photos © Tiago Santana
Tirage : Eric Moulin
Traduction : Ian Burley & E. Schnedecker

Com a participação do Centre National de la Cinématographie
e o apoio de La Région Ile de France
La Scam - Société des Auteurs Multimédia

Distribuição: Pipa Produções

Assessoria de Imprensa
Mais e Melhores Produções e Marketing
Paulo Almeida
paulo@maisemelhores.com.br
(21) 2208-5952 | (21) 8197-5600