quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Profissionais do audiovisual entregam carta aberta ao Governo do Estado de Pernambuco reivindicando integralização do edital Funcultura Audiovisual

Na foto: Júlia Machado, Dora Amorim, Kika Latache, Gabriel Mascaro, Nara Aragão, Chia Beloto, João Vieira Jr,
Cynthia Falcão, Thaís Vidal, Carlos Kamara, Marcelo Pedroso, Danielle Valentim, André Antonio, Marco Bonachela.


Profissionais do audiovisual exigem integralização já! 
Representantes da cadeia produtiva do audiovisual pernambucano estiveram hoje (30.10) no Palácio do Campo das Princesas para entregar a carta aberta ao governador Paulo Câmara e reivindicar uma audiência para solucionar o impasse do Edital do Audiovisual. Chega de transferir a responsabilidade para a Ancine. Se o governo de Pernambuco não fizer sua parte, a cadeia produtiva do audiovisual corre o risco de perder R$ 15 milhões que já foram alocados pelo o governo federal para o fomento. 
Pelo cinema e audiovisual pernambucano, INTEGRALIZAÇÃO JÁ!
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FUNCULTURA AMEAÇADO: EDITAL DO AUDIOVISUAL PARALISADO HÁ QUASE 2 ANOS!
O Governo de Pernambuco põe em risco R$ 15 milhões em investimento da Ancine para o
audiovisual no Estado e ameaça interromper o ciclo bem sucedido da cadeia produtiva local

O audiovisual pernambucano tornou-se referência nacional e internacional, entre diversos motivos, por uma política pública continuada e estável. Agora, a cadeia produtiva está em risco: por lei, o Funcultura Audiovisual tem que acontecer anualmente, mas desde 2018 não foi lançado nenhum edital e até o momento, depois de sucessivas previsões não cumpridas pelo governo – sendo a mais recente de 15 de outubro –, não há qualquer indicativo concreto para sua publicação. Diante da iminência de virada de mais um ano fiscal, entendemos que chegou o momento de o governo do Estado fazer a única coisa que lhe cabe para assegurar a manutenção da cadeia do audiovisual local: integralizar o desembolso dos R$ 9,28 milhões programados para o Funcultura Audiovisual, atendendo à norma da Agência Nacional de Cinema (Ancine).
Não se trata de aportar recursos suplementares, mas apenas de garantir o desembolso numa única parcela do montante já determinado na Lei Orçamentária deste ano. Chega de transferir a responsabilidade para a Ancine e de se isentar do papel que lhe cabe diante do cenário vigente! A postura adotada pelo governo, de negociar uma forma diferenciada de integralização da contrapartida local, chegou ao total esgotamento, revelando a insustentabilidade dessa estratégia. Diante deste desfecho, as entidades da sociedade civil subscritas, que vinham dando voto de confiança ao governo na condução destas negociações, entendem que é hora do executivo estadual fazer o único gesto político que lhe compete para viabilizar o edital: integralização já!

A partir do momento que o governo se dispôs a integralizar R$ 3,3 milhões, ficou evidente para a categoria que a integralização dos R$ 9,28 milhões depende unicamente de vontade política! As justificativas de que não existem condições orçamentárias para realizar o aporte integral não se sustentam, uma vez que os recursos estão previstos no orçamento do Estado e que neste período não houve lançamento do edital. Os dados da própria Fundarpe põem por terra a retórica do governo. Um balanço realizado pelo Núcleo de Orçamento e Economia da Consultoria Legislativa (Consuleg) da Assembleia de Pernambuco mostra que, no primeiro quadrimestre de 2019, apenas R$ 9.139,00 (nove mil cento e trinta e nove reais) do orçamento do Funcultura foram liquidados, enquanto a média dos anos anteriores neste mesmo período era de R$ 6 milhões. A tabela abaixo oferece um termômetro preciso destes desembolsos:


A Nota Informativa Nº 2019.2.3.022 de 2019, expedida pelo órgão, "busca analisar o orçamento estadual executado na função CULTURA entre os anos de 2016 e 2019." O documento é extenso, mas apresenta, além da tabela já exposta outro dado objetivo muito relevante nesta discussão: o volume total de recursos empreendidos na cultura pelo Governo do Estado de Pernambuco é de apenas 0,29%.


Estamos, portanto, discutindo sobre a possibilidade de integralização de parte de um recurso que representa, objetivamente, algo em torno de meros 0,3% dos investimentos estaduais ao ano. Diante dos números, ficam as perguntas: Como pode o governo alegar que não tem condições de integralizar o repasse se os recursos disponíveis sequer foram regularmente liquidados em 2019? Que dificuldade e ônus o Estado teria ao garantir, em repasses de parcelas únicas, o acesso a recursos já previstos em suas LOAS anuais?

Em 2019, dezenas de filmes, festivais, cineclubes, projetos de formação e pesquisas foram inviabilizados em função dos descompassos na política pública. O cenário para 2020 é ainda mais alarmante! Enquanto o governo de Pernambuco continuar se isentando da responsabilidade de integralizar o aporte, centenas de trabalhadores e trabalhadoras do audiovisual estarão parados, sem emprego, pois o ciclo produtivo estará sem seu principal vetor de fomento. Entendemos que este é o momento do executivo estadual fazer um gesto alinhado ao posicionamento político progressista que reivindica para si, fortalecendo a categoria da cultura que tantos resultados tem produzido para o Estado nos últimos anos.

As entidades representativas do audiovisual estão se movendo num esforço político e jurídico para exigir do governo a integralização. Além de pleitearmos um encontro presencial da categoria com o governador Paulo Câmara, estamos dando entrada a um pedido de acesso à informação para esmiuçar e dar transparência aos fluxos financeiros dos recursos do Funcultura – transparência esta que é cobrada há anos e que enxergamos como instrumento fundamental para uma política pública efetivamente democrática.

A exigência de integralização dos recursos tem sido uma prerrogativa da Ancine para todos os entes locais. Os Estados que atenderam a esta demanda, como é o caso mais recente da Bahia, tiveram os arranjos regionais viabilizados e lançaram seus editais, assegurando a suas respectivas cadeias produtivas os recursos que lhes cabem de direito.

Pernambuco não pode ficar para trás, não há mais tempo a perder!

Pelo Cinema Pernambucano, Integralização Já!
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Assinam:

Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-Metragistas / Associação Pernambucana de Cineastas (ABD-APECI)
Federação Pernambucana de Cineclubes (FEPEC)
Mulheres no Audiovisual Pernambuco (MAPE)
Associação Brasileira de Cinema de Animação (ABCA)
Sindicato Interestadual dos Trabalhadores na Indústria Cinematográfica e do Audiovisual (STIC-PE) 



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