sábado, 24 de outubro de 2009

Janela aberta para Pernambuco.


Foto: Rodrigo Pessoa/ Janela de Cinema.
Daniel Bandeira, Daniel Aragão, Pedro Severien, Raynaia Uchôa, Thiago Barros e Rebeca Venice.


Divulgação/ Janela de Cinema.
Confessionário, de Leonardo Sette.



Por Amanda Maria do Nascimento.

Pernambuco marcou presença na última terça-feira (20/10) no II Janela Internacional de Cinema do Recife. Começou com a exibição de Superbarroco, filme de Renata Pinheiro na mostra DIMENSÕES PARALELAS. Um excelente filme. Não só porque esteve presente no festival de Cannes, mas pelo experimentalismo que a diretora faz na sua produção. Um filme para ser visto, revisto e sentido.

Depois teve a mostra não competitiva CAOS, NOISE E CLIPES- RETROSPECTIVA-15 ANOS DO VIDEOCLIPE PERNAMBUCANO. Quem estava lá com certeza relembrou, divertiu-se e emocionou-se ao ver produções como A CIDADE (Chico Sciense e Nação Zumbi) de Nilton Pereira e Didier Bertrand (1992), MUSA DA ILHA GRANDE (Mundo Livre S/A) de Adelina Pontual (1996)- esse a platéia riu bastante, PRÓSTATA (Textículos de Mary) de Marcelo Pinheiro e o premiado PERDIDOS NO ESPAÇO (Paulo Francis Vai Pro Céu) de Taciana Oliveira (1998). Destaque para esse último que foi o primeiro clipe em Pernambuco a ganhar o VMB (MTV)- Categoria Demo-clipe. “Foi ótimo esse espaço, porque o clipe na época em que foi realizado teve problema com a divulgação. Bom ver as pessoas se divertindo depois de tanto tempo”, contemplou Adelina Pontual. “Eu mesma não o via há muito”, acrescentou a cineasta.
Clima de nostalgia e satisfação por ter um arquivo tão diversificado de registros audiovisuais do nosso Estado misturando com clipes atuais com CABIDELA (Mombojó) de Raul Luna (2004) e SPACE BOLERO (Asteróide B-612) de Sofia Egito (2006). Aplausos para a iniciativa do festival e para a curadoria do videasta Germano Rabello que esteve presente durante a sessão e dirigiu em 2004 junto a Joli Campello e a Aroldo Araújo o documentário “Vamo Fazer Um Clipe?”, que fala da metalinguagem desse tipo de produção, como diz no nome.
Kleber Mendonça Filho (idealizador do Festival) também alertou para termos mais cuidado com a conservação do nosso acervo, porque tem muito material sendo perdido.

Já na JANELA PERNAMBUCANA- PROGRAMA 1 contou com DE VOLTA À TERRA BOA de Mari Corrêa e Vincent Carelli enfocando a questão indígena (nesse caso do povo Panará) que deve sempre ser lembrada, discutida e projetada. Um documentário sério e de fácil compreensão. CONFESSIONÁRIO de Leonardo Sette trouxe uma linguagem interessante: em apenas um único plano filmado em Turim (Itália), o missionário católico Silviano Sabatini fala de suas recordações de uma forma emocionada da sua chegada à Área Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima nos anos 1950. “Venho desenvolvendo pesquisa sobre este tema desde 2001 e acompanhando o que acontece nessa localidade através da produtora Vídeo nas Aldeias. Este filme foi um presente. Foi a partir das imagens que resolvi transformá-las em uma película, não dava pra ser apenas um vídeo de internet”, confessa o diretor. Tanto a beleza da fotografia quanto o significado histórico da confissão do missionário refletem a sensibilidade do tema. Apesar de não concorrer, a produção seria uma boa opção para prêmio e tem dignidade de representar Pernambuco em qualquer lugar do mundo. Na seqüência, foi a vez da estréia de CINEMA IMPÉRIO de Hugo Carneiro Coutinho trazendo as lembranças dos moradores do Bairro de Água Fria, onde funcionou até 1979 uma sala de cinema nesse bairro da cidade do Recife. Por último, EIFFEL de Luiz Joaquim, mesclando OS IMCOMPREENDIDOS (obra-prima de Truffaut) com o polêmico “novo monumento” da capital pernambucana.

O PROGRAMA 2 DA JANELA PERNAMBUCANA na quarta-feira (21/10) que elencou AVE SANGRIA- SONS DE GAITAS, VIOLÕES e PÉS de Raynaia Uchôa, Rebeca Venice e Thiago Barros, SÃO de Pedro Severien, NÃO ME DEIXE EM CASA de Daniel Aragão e a estréia de TCHAU E BÊNÇÃO de Daniel Bandeira. O primeiro um vídeo-documentário realizado por estudantes da Universidade Católica de Pernambuco sobre a extinta banda Ave Sangria que fez os presentes relembrarem e se divertirem com a irreverência dos personagens. Os três últimos filmes que abordam relacionamentos amorosos contemporâneos. Os dois últimos fotografados em Preto e Branco, o que chamou a atenção do público. Depois da sessão, houve um debate com os realizadores mediado por Kléber Mendonça Filho.

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