domingo, 18 de outubro de 2009

Salve o voyerismo cinematográfico!




Foto: Rodrigo Pessoa/ Janela de Cinema.


Divulgação/ Janela de Cinema.
98001075056, de Felipe Barros


Divulgação/ Janela de Cinema.
“Viajo porque preciso, volto porque te amo”, de Marcelo Gomes e Karim Aïnouz.

Por Amanda Maria do Nascimento.

A abertura da segunda edição do festival Janela Internacional de Cinema do Recife aconteceu na última sexta-feira (16) por volta das 19h com sala lotada e ingressos disputados para a sessão surpresa de abertura dos curtas e principalmente para a primeira exibição no Recife de “Viajo porque preciso, volto porque te amo”, uma co-direção do pernambucano Marcelo Gomes e do cearense Karim Aïnouz (seleção do Festival de Veneza e prêmio de melhor direção no Festival do Rio). Não só a classe cinematográfica marcou presença, assim como estudantes e cinéfilos que freqüentam o Cinema da Fundação num clima de alegria e contemplação. Infelizmente muita gente teve de voltar sem assistir ao longa-metragem, mas a organização do festival providenciou uma nova exibição para domingo (19/10) às 14h30. Imperdível!

A sessão surpresa dos curtas-metragens foi de muito bom gosto. Um que chamou a atenção foi a produção paulista 98001075056 de Felipe Barros filmado em digital e que todas as etapas foram realizadas pelo diretor. Um auto-retrato, que com apenas três minutos de duração, traz lembranças do autor circunscritas na textura experimental proposta pela montagem. Um filme bonito com uma linguagem universal. Esse filme também foi exibido na mostra EU ME LEMBRO no sábado (17/10).

O filme “Viajo porque preciso, volto porque te amo” de Marcelo Gomes e Karim Aïnouz traz uma nova proposta na obra desses dois cineastas tão bem conceituados no cenário nacional. Com imagens de arquivos coletadas durante 10 anos no sertão brasileiro e em Acapulco, uma cidade do Estado de Guerreo, sul do México na costa do Oceano Pacífico. Além da beleza das imagens, o roteiro é tocante com participação de um único ator em voz off, o pernambucano Irandhir Santos que interpreta o geólogo de 35 anos José Renato nessa viagem marcada pela lembrança de seu amor. O objetivo do personagem é que o translado elimine a dor de uma rejeição e separação amorosa vivida recentemente.

Além do debate após a sessão com a presença do ator e dos técnicos de som que aconteceu na abertura, ontem em um bate-papo no Castigliani Cafés Especiais, Marcelo falou do processo criativo dessa película. O cineasta disse que a produção tinha sido um filme muito barato para ser um longa-metragem, pouco mais de R$300 mil e se conseguir atingir 50 mil espectadores estará satisfeito. Como o roteiro tratado por mais de um ano, o desenho de som foi fundamental para o resultado final. “É um filme que gostaríamos de divulgar nas escolas de cinema, porque está provado que se pode fazer longa-metragem com um baixo orçamento, experimentando diversas linguagens. Já que longa é algo tão difícil.”, ressaltou. Segundo Gomes, para um cineasta brasileiro manter-se em atividade tem que diversificar suas atividades. Não pode se prender a apenas um projeto.

Assim, o II Janela Internacional de Cinema do Recife está promovendo um diálogo maravilhoso através de bate-papos,projeções, festas, proporcionando o encontro e a troca de contatos entre aqueles que transitam. Chance imperdível na cidade e para aqueles que gostam de cinema.

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