domingo, 9 de dezembro de 2018

Premiação Júri ABD/Apeci - 11º Festival de Cinema de Triunfo



Entre 06 e 11 de agosto aconteceu a 11ª edição do Festival de Cinema de Triunfo, na cidade de Triunfo, sertão do Pajeú pernambucano.

O júri da ABD/Apeci, formado por Cíntia Lima, Uilma Queiroz e Thayná Almeida, premiou os filmes a partir do seguinte texto:

Mostra competitiva de curta-metragem nacional.
Filme: 11 minutos (Hilda Lopes Pontes).
No Brasil a cada minuto uma mulher é estuprada.
Para que o feminicídio fosse reconhecido como crime de ódio a mulher, foi necessário que uma mulher fosse presidenta.
51% da população brasileira é composta por mulheres e 54% de negras e negros.
A linguagem audiovisual pode servir para denunciar a violência ou para reforça-la.
Muitas vezes o que é justificado como  denúncia na tela se não bem conduzido, nos faz revisitar a violência e até fetichiza-la.
O filme 11 minutos se destaca por atuações precisas e maestria na representação dos simbolismos do machismo. A direção de Hilda Lopes Pontes, explicita a misoginia cotidiana a partir da representação do agressor, não como um monstro, mas como um homem comum, que nos deparamos em casa, na rua, no trabalho, convidando os homens comuns a refletir sobre suas práticas machistas.

Evocar a presença de outras mulheres fortalece em nós a coragem para continuar lutando para mudar essa realidade.
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Menção honrosa:
Filme: Maria (Elen Linth e Riane Nascimento).
Um filme em primeira pessoa.
Elen Linth e Riane Nascimento nos apresentam não só um filme sobre a mulher Maria, mas com Maria.
Diante das ausências no cinema, esse filme afirma a resistência e a existência dessas mulheres.
Aqui Maria não é só uma personagem, ela é a poesia e a poética.
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Mostra competitiva de curta-metragem Pernambucano.
Filme: Nome de batismo - Alice (Tila Chitunda).
A diretora Tila Chitunda partilha conosco a angústia de enfrentar seu próprio imaginário, e enfrentar o seu imaginário é uma forma de manter-se viva.
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Mostra competitiva de curta-metragem Sertões.
Filme: Tempo circular (Graci Guarani).
A Pankararu Graciela Guarani nos convida a uma reflexão sobre o tempo que  não se encaixa na linearidade das narrativas ocidentais, pelo contrário as tensiona ao mesmo tempo que apresenta uma outra forma possível de lidar com o tempo integrando presente, passado, futuro, trazendo a ancestralidade como algo atemporal.
Sob a direção de Graci temos a oportunidade de conhecer uma outra história do povo indígena, falando de sí, dos seus, para os seus e para o mundo.
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Menção honrosa:
Filme: Òpárá de Òsùn: Quando Tudo Nasce (Pâmela Peregrino).
Com o título em Iorubá, língua africana trazida para o Brasil, a animação de Pâmela Peregrino Òpárá de Òsùn se apresenta como um instrumento do povo de terreiro para reivindicar uma outra história sobre a criação do mundo.
Num contexto em que o Estado brasileiro se alia mais uma vez ao capital para criminalizar as práticas de imolação dos animais nos terreiros, “Quando tudo nasce” é um instrumento pedagógico, sensível e potente, para quebrar com a visão demonizada historicamente construída das religiões de matriz africana, e conectar o público a ancestralidade.

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